Myrica faya Aiton
Vulgarmente conhecido por Samouco, Faia-da-terra e Faia-das-ilhas.
Morfologia
É uma espécie da Família Myricaceae, arbusto ou árvore de pequeno porte e copa arredondada, pode atingir até 12 m. Tronco com casca cinzenta e rugosa. Folhas persistentes e simples, com pecíolo curto, lanceoladas a oblanceoladas, cuneadas na base, página inferior pontuada por glândulas, aromáticas. A margem das folhas mais jovens é serrada a crenada e, nas mais velhas, é ligeiramente mais ondulada. Geralmente dióico, ou seja, as flores unissexuadas, femininas e masculinas ocorrem em indivíduos diferentes, embora seja comum encontrar exemplares com flores femininas e masculinas separadamente na mesma planta (indivíduos monóicos). Flores nuas, surgem agrupadas em amentilhos, amarelo-esverdeados (masculinos) e rosados (femininos). Fruto é uma infrutescência subglobosa e de aspecto rugoso, constituída por inúmeras drupas carnudas e globosas, negro-purpúreo quando maduras.
Ecologia
Espécie característica dos bosques de Laurissilva, surge em matagais termófilos em barrancos e em dunas, por vezes no subcoberto de pinhais algo perturbados. É pouco exigente do ponto de vista edáfico, podendo desenvolver-se em qualquer tipo de solo. Nas Regiões Autónomas desenvolve-se em terrenos vulcânicos e, no continente, cresce em solos arenosos ou derivados. É uma planta de plena luz ou de meia sombra, que prefere ambientes com alguma humidade e climas suaves.
Distribuição
Originária da Macaronésia (Açores, Madeira e Canárias). Há cada vez mais evidências que indicam tratar-se de uma espécie autóctone de Portugal continental, que ocorre no litoral centro e no sudoeste, sobretudo nos pinhais da costa ocidental arenosa.
Utilização
É uma espécie fixadora de azoto, modificando rapidamente a fertilidade dos solos, permitindo a instalação de outras espécies e a acumulação de biomassa no solo. Os frutos são comestíveis podendo ser utilizados tanto frescos como em compotas, também é uma fonte de alimento importante para várias espécies de aves. Os frutos foram ainda utilizados como corante alimentar e como remédio adstringente no tratamento do catarro. Há notícia da sua utilização pela comunidade havaiana de ascendência açoriana para a confecção de um vinho. A madeira foi utilizada em marcenaria, no fabrico de pequenos utensílios domésticos e para tornear, como combustível e para estacas. A casca rica em taninos foi utilizada na indústria de curtumes.